Tá pago Múmia ou Nelson Rodrigues

Nelson Rodrigues, o auto entitulado múmia. Já havia escrito sobre ele, mas só agora, depois de um estudo comecei a entender o que ele quer dizer.

Nelson trata de pulsões do inconsciente, todos nós temos um Tyler Durden (Brad Pitt) do Clube da luta dentro de nós, e o que Nelson fez durante toda a sua vida e obra foi dar voz a essas pulsões em forma de fortes personagens. 

Depois de aprender tanto nesses últimos dias me senti na obrigação de compartilhar o que estudei, pois Nelson é tido pelos estudiosos como o Shakespeare brasileiro, mas na prática não tem o reconhecimento que merece.


VAMOS AS HISTÓRIAS   

Apesar de ser reconhecido como um dos grandes retratista da vida carioca de quase todo século passado, Nelson nasceu em Recife em 1912 e com 4 anos partiu para o Rio de Janeiro de onde pouco saiu. Nelson veio duas vezes a São Paulo e fez mais uma outra viagem e jamais saiu do Brasil.
Dizia frases "porque rico de verdade só tem em São Paulo, pois no Rio de Janeiro não há como ser rico, aqui não tem dinheiro." 
Seu pai, Mario Rodrigues era dono de um dos maiores jornais do Rio, o A manhã. 
Nelson começou a escrever no jornal do pai com 14 anos e ditou textos na véspera de sua morte.
Era fascinado pela morte, se considerava um escritor do sexo e da morte.
Pediu ao pai para parar o colégio e continuar escrevendo, Mario deixou.
Quando Nelson tinha 17 anos, o jornal estava sem notícia para publicar, era 26 de dezembro de 1929, e puseram a foto de uma senhora dizendo que ela havia se desquitado o que era um insulto na época.
A moça entrou na redação e perguntou pelo Mario (que ela sabia que era o dono do jornal), Mario havia saído e quem lhe atendeu foi Roberto um ilustrador que Nelson dizia ser o único realmente gênio da família. Ela atirou em Roberto na frente de Nelson. No enterro, Mario repetia o tempo todo "esse tiro era meu." o pai da família não suportou a dor e morreu um mês depois. 
A morte do pai e apedrejamento e destruição do jornal desestruturaram toda a família e os Rodrigues passaram fome. 
Nelson quase morreu de tuberculose nessa época e só sobreviveu porque Roberto Marinho, que era amigo de seu pai, bancou o tratamento do jovem em Campos do Jordão.
Quando se recuperou, voltou ao Rio empregado pelo jornal O Globo e começou a escrever sobre tudo. Como via filas nos teatros decidiu escrever peças de teatro para ganhar um dinheiro extra. Com 25 anos faz sua primeira peça, A mulher sem pecado, dois anos depois escreve Vestido de Noiva e da noite para o dia é alçado para maior dramaturgo de todos os tempos.
Nelson tinha acima de tudo coragem. Ele viveu o céu depois de Vestido de Noiva, era ovacionado, mas não deixou a fama afetar sua originalidade e quando estreiou Album de família foi censurado e visto como o pior dos seres humanos por boa parte da sociedade carioca. Nelson continuou acertando e errando, mas acima de tudo sendo original e deixando sua marca.
Escreveu de tudo, crônica esportiva, romance, peças de teatro, poesia, todas as formas, mas suas favoritas eram as histórias de crimes passionais.
Era fã de seus amigos e os homenageava constantemente em suas obras como é o caso da famosa peça - Otto Lara Rezende ou Bonitinha, mas ordinária em que o tempo todo se discute uma frase do escritor Otto Lara Rezende amigo de Nelson "o mineiro só é solidário no cancer." "o problema é que não é só mineiro, somos todos nós."diz Edgar.
Combatia a esquerda alertando para a questão que a esquerda estava usando bandeiras como justiça social para ter direito a impor ideias e padrões sociais, como o politicamente correto. "A esquerda tomou o lugar da direita;"
Foi a autor mais censurado da História, tendo 6 obras proibidas durante as exibições. Não se importava com a opinião pública o importante era trazer o âmago das pessoas à cena, se incomodasse, azar o seu. E como isso incomoda muito, Nelson vivia sendo atacado de todos os lados, dos socialistas que o chamavam de reacionário de alta sociedade a quem ele não perdoava.

Era um apaixonado pela velhice "os anos são soluções para muitos problemas."
Era, acima de tudo o que a filosofia tem como conceito de moralista, um dissecador da alma humana.




Para quem quer estudar um pouco desse gênio, minha sugestões:

1. Leia A filosofia da adúltera, do Pondé. Ele mostra a base filosófica de Nelson
2. Leia a peça - Otto Lara Rezende Bonitinha, mas ordinária. Uma crítica da sociedade que se estende aos dias de hoje.
3. Vá em alguma peça na sua cidade.
6. Há uns 4 podcasts bons do Nelson, com especialistas e dramaturgos. Procure no seu app de podcast.  




   

  
  

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