Mentawai relato 2
Quando conheci a Karina ela fazia corrida de aventura. Competia em provas em que ficava dez dias dormindo 2hs por dia, comendo mal, correndo no meio da mata, nadando em rios com correnteza, remando, andando de mountain bike (às vezes com ela nas costas). Mas o que mais me impressionava nos seus relatos não era tanto o tamanho do desafio, mas que quando aquilo acabava, ela ficava um mês em estado depressivo. Sentia tristeza o tempo todo, chorava sem motivo e não tinha vontade de fazer mais nada.
O surf é bastante traiçoeiro nesse sentido. Quando há ondas, ou previsão para a entrada delas, sente-se uma euforia incontrolável. Parece que tudo brilha e você se sente na melhor fase da sua vida. No entanto, ondas boas, mesmo aqui em Mentawai dependem de muitos fatores - tamanho e direção da ondulação, período das ondas, vento, corrente - e somente um desses fatores pode atrapalhar todos os demais. E talvez por isso mesmo que surfistas se sentem tão felizes quando elas quebram perfeitas nas bancadas. Tivemos apenas uns dois dias sem onda em mais de 20 muito bem surfados o que deixou a turma por aqui bastante animada.
Ontem achávamos que não haveria ondas, mas tivemos um bom surfe em Macarronis, sem muito crowd e com ondas razoáveis (o razoável daqui equivale ao melhor mar que pode quebrar na costa brasileira). A previsão para amanhã é um mar consistente com ondas grandes.
O que me preocupa agora é a volta para o Brasil e a ausência da energia gerada pela ondas. Lembrarei bastante da Karina, especialmente dos momentos pós-provas.
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