FAGUNDES E A LEI ROUANET

Ontem fui assistir a peça Tribos com Antônio Fagundes, seu filho Bruno e elenco. Não sou uma pessoa que frequenta muito o teatro, mas havia assistido outra peça com eles chamada Vermelho, que trata da vida do artista plástico Mark Rothko e gostei muito. Falei um pouco da peça no post anterior e neste vou me deter na questão de como ela foi produzida.

As duas vezes, Fagundes colocou o dinheiro do próprio bolso. Não teve patrocínio, não buscou incentivos no governo - nada. A continuidade do espetáculo dependia única e exclusivamente do apreço do público. Vermelho ficou em cartaz bastante tempo em São Paulo e excursionou para outras capitais, Tribos também tem lotado o Teatro da PUC e depois fará sua turnê.
Ao final da peça, assim como aconteceu com Vermelho, os artistas sentam no palco e conversam com a platéia. Respondem perguntas, acrescentam informações, recebem elogios e críticas. Tive a oportunidade de enaltecer a coragem de produzir uma obra sem depender de terceiros e de perguntar o que ele achava da Lei Rouanet (lei de incentivo à cultura do governo federal)

"Eu acredito que a Lei a Rouanet seja uma forma de censura tão grande quanto a que tínhamos na ditadura. A primeira censura acontece quando você submete seu projeto à aprovação do governo. Depois disso, caso ele tenha sido aprovado o governo lava as mão e diz - agora você pode correr atrás do patrocínio. Então você visita empresas e aí acontece a segunda censura - submeter o projeto aos diretores de marketing das empresas. Embora eu tenha alguns amigos diretores de marketing, em geral, eles não entendem nada de teatro ou de arte."

A questão que fica é - Se a arte falasse mal do governo teria alguma chance de ser aprovada?
Como um dos pilares da arte é a livre expressão, não sei se de fato a tão aclamada Lei Rouanet tem contribuido para o seu desenvolvimento.


 

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