PHILIP GLASS - O ENCANADOR



Eu gosto muito dessa história que li no livro de Alex Ross "O resto é ruído". Ela diz muito a respeito de até que ponto a força do mercado pode distorcer aquilo que você acredita ou que quer ver dar certo.
Philip Glass e Reich no início da década de 70 começaram um movimento musical que depois foi chamado de minimalista, mas eles mesmos não sabiam denominar o que estavam fazendo, simplesmente acreditavam que aquilo era a evolução da música. Como disse o próprio Alex Ross, "A influência minimalista irradiou para os anos 80 e 90 a ponto de ser possível ouvir em qualquer butique da moda, em algum momento, um balbucio distante semelhante a Music for 18 musician, de Reich." Entretanto toda vanguarda não é facilmente aceita pelo mercado e se o artista cede "àquilo que as pessoas querem" jamais conseguirá emplacar o que realmente acredita. Nunca fará uma inovação marcante. O diferente não costuma agradar "o mercado." Então, Glass e Reich já eram bastante conhecidos no meio musical, entretanto suas melodias ainda não faziam sucesso para o grande público. Por isso, a única forma de preservá-las era fazer trabalhos que o dessem sustento para poderem criarem livremente.


"Assim como Reich, Glass ganhava a vida fora da academia, dirigindo táxi e fazendo serviços exóticos. Os dois minimalistas formaram por algum tempo uma companhia chamada Chealsea Ligth Moving, em que trabalhavam para garantir uma renda carregando mobília para cima e para baixo nas estreitas escadarias de Nova York. Glass trabalhou também como encanador, e um dia instalou uma lavadora de pratos no apartamento do crítico de arte Robert Hughes, que não conseguiu entender por que o famoso compositor do SoHo estava se arrastando no chão da sua cozinha."
        

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