AMOR - O FILME
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Para fazer uma
análise do filme ganhador da Palma de Ouro em Cannes, primeiro é necessário que
se entenda a diferença entre entretenimento e arte. O primeiro, como o próprio
nome diz tem como objetivo entreter, divertir, distrair. Já a arte se propõe a
marcar de alguma forma o espectador, fazê-lo refletir, sentir com mais
profundidade, quem sabe. Algumas obras, não apenas no cinema, conseguem
conciliar os dois mundos, como por exemplo As aventuras de Pi, mas não por isso
são necessariamente melhores ou mais completas que aquelas que se dispõe a uma
só coisa.
O Amor retrata a
vida de um casal de octogenários apaixonados e cúmplices mesmo que nada seja
dito entre eles. Tudo começa a mudar quando a personagem Anne, interpretada pela atriz
Emmanuele Riva que recebeu indicação ao Oscar 2013, começa a sofrer com as
conseqüências mais duras do envelhecimento - dificuldade para se movimentar,
falar e até mesmo pensar.
Ouvi pessoas
dizendo que o filme é lento - aqui entra a importância de se saber diferenciar.
Como o diretor austríaco Michael Haneke não tinha a intenção de animar a platéia
e sim, como disse Bukowski “estou
fotografando a vida”, se acharam o filme lento – touché, era isso que ele queria. Afinal, como é a vida de um casal
aposentado com mais de 80 anos se não um vagaroso desenrolar de dia após dia? E
esse ritmo arrastado, propositadamente, joga o espectador para dentro da existência
dos idosos, fazendo com que ele se sinta morando junto naquele antigo apartamento de
Paris. Passamos a saber mais de suas vidas que sua própria filha que não vive ali. A
dificuldade que o senhor interpretado por Jean-Louis Trintignant tem
para manter sua amada viva e animada é tão bem retratada que a platéia sente
vontade de sair da cadeira e ir lá ajudá-lo. E isso fica cada vez mais presente
a medida que o tempo passa e as dificuldade de Anne aumentam.
O filme é de uma
sensibilidade que desmonta a todos e amplia a certeza de que o tempo é o melhor
remédio, mas também é o mais corrosivo dos ácidos.
Achei arrebatador! Por vários motivos: direção, as interpretações sublimes dos protagonistas, o argumento e por me remeter a uma experiência pessoal semelhante. Parabéns pelo texto.
ResponderExcluirAchei arrebatador! Por vários motivos: direção, as interpretações sublimes dos protagonistas, o argumento e por me remeter a uma experiência pessoal semelhante. Parabéns pelo texto.
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