MEIO DIA E UMA EXPERIÊNCIA INTEIRA
Sentou-se ao meu lado no metro, não
no mesmo banco o que me ajudou a observá-la com mais precisão, eu não conseguia
parar de olhar para aquela bela moça. Talvez ela não fosse tão bela, talvez nem
bela fosse, mas acho que tenho uma vocação para me apaixonar em viagens, o fato
de minha história de amor favorita ser o filme Antes do Amanhecer, explica boa parte dessa tendência, mas voltando
a ela - sua roupa era elegante, sua maquiagem bem feita e seu rosto tinha
traços leves e precisos. Sua bolsa era bonita, mas as alças puídas mostravam a
decadência daquele que um dia fora o país mais aventureiro e vanguardista de
sua época e que hoje vive a mercê de uma Europa “unida” onde outros nomes ditam
as regras.
Portugal ainda possui essa vibração
nostálgica de um lugar que ainda vive de suas glórias antigas, suas ruas são
estreitas por onde passam bondes elétricos da época em que eram colonizadores,
seu charme vem de um passado vibrante que há tempos já se tornou mesmo passado.
É possível sentir isso emanando dos seus prédios estreitos onde as donas de
casas estendem suas roupas molhadas em varais virados para a rua.
Tive algumas horas apenas para
caminhar solitariamente por Lisboa. E quanto é surpreendente caminhar sozinho,
sem rumo, numa cidade desconhecida (apesar de eu já ter passado por ela).
Viajar sem companhias faz sua cabeça funcionar sem parar, seus sentidos se
voltam apenas para o que está por perto e se tornam mais aguçados, não há com
quem compartilhar as sensações e por isso elas são guardadas tão fortemente
dentro de nós.
Andei sem rumo por horas, me
sentindo como no filme Cópia Fiel,
mas sem ter com quem dialogar se não comigo mesmo. Essas horas que passei por
aqui foram tão marcantes que não as esquecerei tão cedo.
A viagem continua dentro de mais
algumas horas, Amsterdam.
Dani,
ResponderExcluirImpecável. Belo texto.
Nanda