SEM PRESSA
Não espere algum significado epifânico para este título porque não há, nem sei porque o escolhi, este texto mesmo está longe de tê-lo. Deixo-o de lado se é isto que está buscando. Deu vontade de escrever e não vou deixar passar. Vontade de escrever não é algo que aparece sempre, nem mesmo para os mais treinados e já que surgiu vou aproveitá-la.
No avião, voltando para o Brasil, depois de uma viagem inesquecível para o Valle Nevado. Não pretendo fazer um diário de bordo, muita gente já faz isso bastante bem e eu particularmente acho um pouco chato. Vou jogar aqui uns acontecimentos e outras inutilidades, se estiver bom...
Neste exato momento o que está chamando a minha atenção é a diferença que há entre o serviço oferecido à classe executiva e à econômica. Não escrevo isto para me gabar, só estou aqui porque não havia vaga e fiquei sem opção. Algo que me intriga (talvez a melhor palavra aqui seria fascina) - como temos uma incrível capacidade para nos adaptar (SIC - Darwin) com o que é melhor e como é difícil, até doloroso, ter que perder privilégios. Entretanto, talvez seja isto um dos fatores que mais faça a humanidade se aprimorar, buscamos instintivamente e incansavelmente (mesmo que essa busca seja inconsciente) a prosperidade.
Cheguei em Santiago quarta-feira (13/7/11) à noite. Faz uns três anos que venho para cá e toda vez me encanto com a hospitalidade do povo chileno, especialmente com os brasileiros. Sinto-me em casa desde que desço no aeroporto SCL. O Chile é o pais perfeito para quem gosta de esportes radicais. Há ondas que não se pode encontrar em nenhum canto da nossa costa e com uma constância invejável a qualquer praia do mundo, além disto, as estações de ski também são admiráveis. Este país ainda produz frutas, especialmente as minhas favoritas, as cítricas, saborossísimas e queijos deliciosos – P.S> a opinião de um vegetariano abstêmio não inclui um parecer dos sempre elogiados vinhos.
Na quinta-feira encontramos pistas que ainda não haviam recebidos a nevasca que de fato abre uma temporada, mas para nossa sorte ela veio na quinta à noite e a sexta começou com mais 35cm de neve. Pistas com a densidade perfeita e neve forte o dia todo.
Quando os lifts fecharam na sexta a neve ainda estava bastante intensa. Foi então que ocorreu aquilo que o ditado chama de - a bonança após a tempestade.
Eu e Marcel entramos na Van para descer a cordilheira (O Valle Nevado fica há 3000 metros do nível do mar tendo como único acesso uma estrada extremamente sinuosa que leva em média 1h30min para ser percorrida) e começamos a andar sem que o motorista conseguisse ver meio metro à frente do carro. Não demorou muito (na hora que aconteceu não sabíamos exatamente quanto tempo havíamos descido) para que ele batesse numa encosta de neve e atolasse. Marcel começou a ficar deveras preocupado e disse que teríamos que abandonar a Van e voltar para o Valle a pé. Descemos com uma nevasca nas costas, as pranchas nas mãos e sem luvas (pior erro que alguém pode cometer ao se expor ao frio extremo) caminhamos estrada a cima sem sinal do complexo hoteleiro. Medo, frio e cansaço extremo.
Chegamos ao Três Puntas e quando nos certificamos que havia quarto para nos hospedarmos um êxtase, reflexo do alívio, invadiu nossas sensações. Demos boas risadas e gravamos depoimentos do ocorrido.
Após o estorvo, a vida nos agraciou com tudo o que de melhor ela pode nos oferecer. Banho quente, roupas secas, jantar farto e uma cama macia. E não parou por aí. O sábado amanheceu com sol sem nuvens, pistas lisas e pouca gente esquiando. Dia perfeito, dia para gozar a vida e não esquecer jamais.
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