FERIADO... CADA UM TEM O SEU.
Acabei de ler que feriado é um período em que as pessoas param para falar do feriado. Então vou aproveitar e falar um pouco do meu.
Viajar de ônibus tem suas vantagens. Além de não ter aquela chatice de chegar 1 hora antes para fazer o check-in, você é obrigado a ficar horas preso sem alternativas para dispersão. Não há com quem conversar (óbvio, se você viaja sozinho), não há internet e não há filme para ver (a não ser que você seja cara de pau, eu já fico com dó de quem viaja do meu lado só pelo fato dele ter que agüentar aquela luzinha acessa o tempo todo, por isso tenho vergonha de ainda abrir o laptop para ver um DVD). Mas enfim, a única opção que sobra se você não consegue dormir é ler.
Semana passada fui no lançamento de uma coletânea de contos chamada Geração 00, que reuniu os melhores escritores que começaram a publicar seus livros nos anos dois mil. Muita gente boa junta – Daniel Galera, Andréa Del Fuego, Marne Lúcio Guedes – meu professor, Lourenço Mutarelli que para esta publicação escreveu uma espécie de crônicas de uma viagem para Nova York que me motivou a relatar meu feriado.
Pois é interessante esta característica da Arte contemporânea de perder todos os parâmetros. Há tempos isto ficou nítido nas artes plásticas, levaram depois a tendência para a música experimental e nesta coletânea isto também está muito presente. A liberdade quase absoluta não sairá mais da literatura. Não há mais padrão algum para se escrever, cada um faz o que quer, às vezes eles tentam fazer uma escrita infantil, outros escrevem rebuscado demais, até chato, há prosa poética, enfim o artista hoje joga no ar, as pessoas que decidam o que vão consumir. O que complicou um pouco foi o discernimento, depois de Pollock, tudo é Arte, mas o que é bom?
Depois de ficar confinado horas no ônibus, cheguei na praia onde meus pais tem casa. Ibiraquera em Santa Catarina ainda é um paraíso não descoberto. Tudo é lindo por lá. Uma imensa lagoa se funde com o mar, as montanhas são verdejantes e há uma ilha virgem na frente da praia. Um lugar ideal para a contemplação.
Mas estava muito frio e não dava vontade de sair na rua, meu confinamento aumentou para uma casa, pelo menos ali eu tinha mais opções. Podia ver DVDs sem constranger quem estava querendo dormir, conversar com meus pais e jogar baralho. Com este tempo todo sobrando, acabei o Geração 00, que abriu bastante minha cabeça para muitas outras opções de escrita. Por sorte, também aluguei um monte de filmes e levei para lá. Abro para um breve relato sobre eles.
- La belle de Jour de Luis Buñuel; achei fraco, apesar de ser um clássico, personagem muito mal construída e a história é toda entregue logo no início.
- Accatone de Pasolini; primeiro filme do diretor italiano, gostei do dinamismo apesar de ser um filme muito antigo e de como ele retrata com perfeição a malandragem italiana.
- Brilho de uma paixão de Jane Campion; este eu aluguei por engano, já havia visto no cinema esse breve retrato da vida do poeta Jonh Keats.
- Stella de Sylvie Verheyde; história de uma menina que vive em condições difíceis e que através da literatura muda sua via.
Vou usar o exemplo do Stella como link de transição. Os livros tem mesmo esse poder, mais que tudo, mais que qualquer educação, de nos transformar. A partir diálogo que se estabelece com nosso interior mudam completamente a forma como veremos o que está fora.
No sábado o tempo melhorou. Deu para sair de casa. Fui correr na praia, e que praia! Pensei num monte de coisa, meu narrador interno estava inspirado, não sei se consegui trazer sua voz para esse texto, mas acho que ele ficou satisteito. Se me lembrar de mais alguma coisa, escrevo em outro post.
Que legal Dani! Adorei o seu feriado ...rs
ResponderExcluirAdorei !!!!
ResponderExcluirTo uma gorda e feliz na foto
Hahahahaha
Bjs