POR QUE JOYCE?


Certa vez, estive numa exposição de Joseph Beuys, considerado o maior artista alemão contemporâneo e um dos mais expressivos de toda a europa. Mais que artista, Beuys foi um importante agitador cultural. Entre suas práticas, reunia grupos de intelectuais, artistas e muitos estudantes para questionar a política e o modus operandi vigente.
Um dos seus ciclos de pinturas, que me chamou bastante a atenção, ele fez 355 desenhos inspirados em Ulisses, de James Joyce. E de novo, uma questão antiga veio bater a porta do meu senso crítico – Por que Joyce? Por que quase todos os artistas são obrigados a confessar sua influência?
Acredito que a notoriedade do escritor  irlandês deve-se ao fato de ele ter sido o primeiro a se aproximar da voz da consciência. O pioneiro a dar, pelo menos um pouco, de inteligibilidade àquilo que possuímos de mais profundo e essencial. Mas tudo isto, não passa de especulação.
O fato é que Joyce continua entusiasmando artistas em todas as áreas. O mais impressionante é que ao produzir sua obra, o escritor estava totalmente consciente da revolução que produziria, conforme  nos mostra este conversa com o velho amigo Arthur Power, em Conversations with James Joyce.
“Quanto ao classicismo romântico que você tanto admira, Ulisses mudou tudo isso, pois nele eu abri um novo caminho e você vai ver que ele será seguido cada vez mais. De fato a partir dele você pode datar uma nova orientação na literatura – o novo realismo, pois embora você critique Ulisses, contudo a única coisa que você tem que admitir que eu fiz foi liberar a literatura dos grilhões antiquados. Você é evidentemente um tradicionalista intransigente, mas deve perceber que uma maneira nova de pensar e de escrever foi iniciada, e aqueles que não concordarem com ela serão deixados para trás.”

Comentários

  1. Simplesmente porque o cara é um gênio. Na minha humilde opinião, dentre os grandes que li, ainda é o escritor que melhor descreve o orgasmo feminino. Uma riqueza de detalhes, uma sensibilidade e um mistério muito próprios de uma mulher! Tão lindo quanto senti-lo! Ainda não desisti de ler Ulisses mais uma vez.

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