GAY TALESE E OS ADULTÉRIOS

Chamaram a Festa Literária de Paraty 2009 de: a FLIP do adultério. Realmente não foram poucos os escritores que trataram deste tema em suas apresentações. Há muita gente cansada de conviver com a mentira em suas relações. Tenho observado com certa vibração interna que este tema tem estado cada dia mais presente na mídia. Talvez seja sinal dos novos tempos cobrando uma remodelagem na maneira de nos relacionarmos.

Uma dessas pessoas é o elegante escritor Gay Talese. Nascido em uma cidade próxima a NY, este filho de alfaiates italianos foi educado numa constante dualidade de opiniões. Seus pais moravam em um pequeno sobrado de dois andares onde no térreo atendiam clientes, falavam somente em inglês e elogiavam os ideais americanos. A noite, depois de subir poucos degraus para chegar em casa, escutava-se apenas o italiano e a postura americana, principalmente durante a II Guerra, era severamente condenada. Certamente estas cisões de opiniões incomovam-no bastante pois marcaram fortemente a carreira do jornalista. Junto com Truman Capote, Talese liderou um movimento de escrever com estilo literário textos jornalísticos. Gay tornou-se um obcecado pela verdade e a buscou em todos os seus livros e artigos de importantes jornais.


Um de seus trabalhos mais conhecidos foi uma entrevista não cedida de Frank Sinatra, que acabou transformando-se numa coleção de opiniões daqueles que conviviam com o astro e que puderam dar uma visão muito mais próxima da sua realidade.

Essa fascinação pela verdade o fez pesquisar profundamente uma das maiores mentiras aceitas pela sociedade - A FIDELIDADE MATRIMONIAL.

Talese começou sua pesquisa saindo com prostitutas. Pedia a opinião delas sobre o motivo pelo qual os homens traem. Mas ele não se contentou apenas com aquilo. Candidatou-se a gerente de uma casa de massagens e trabalhou lá por dois anos. Era o ambiente ideal para o escritor, um espécie de laboratório de pesquisas avançadas da NASA. A proximidade com os clientes lhe rendeu ótimas histórias que foram retradadas fielmente, inclusive com os nomes dos clinetes, no livro A Mulher do Próximo.

É claro que a esposa de Talese não ficou muito contente com o que leu, tampouco devem ter ficado as mulheres dos clientes da casa onde ele trabalhou. No entanto, admiro a coragem deste americano por ter trazido à tona um assunto tão polêmico e de tê-lo retratado de maneira tão honesta. A sociedade finge não ver o que acontece dentro dos relacionamentos e pune severamente aqueles que se aventuram a tentar outras possibilidades mas, se há tanta hipocrisia ao tratar do assunto é porque algo não vai bem e precisa ser revisto. Num mundo com cada vez mais estímulos aos sentidos e uma incessante busca por liberdade será cada vez mais difícil colocar debaixo do tapete verdades tão gritantes.

Comentários

  1. Dani, concordo com você. Não podemos mais esconder tais questões embaixo do tapete. Cada pessoa deve encontrar um formato pessoal que a faça feliz. Moldar-se a um padrão ficou ultrapassado.
    Quero ler este livro "A mulher do próximo", pois quero ver qual a visão do autor sobre a questão que ele levanta. Parabéns menino FLIP!

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  2. Daaaaaaani
    Passei para fazer uma visita e adorei o texto. Estou curiosa para ler esse livro também.
    Beijinho
    Carla

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  3. O Talese me pareceu extremamente coerente e sério. Vale a pena conferir.
    Bjs

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  4. Oi Dani
    Esses dias eu estava lendo um blog e lembrei desse seu post que eu já tinha visto aqui. Nesse blog o autor e a esposa contam a história do relacionamento deles e porque eles decidiram ter um relacionamento aberto. Eles também explicam como é o relacionamento aberto deles, já que a maioria das pessoas que escutam esse termo respondem com preconceito e pensam apenas em sexo. No blog ele explica um pouco e colocou um áudio no qual os dois contam melhor essa história. O áudio é longo, 1 hora e 40 minutos, mas é muito interessante e não é cansativo. Acho que você gostaria também.
    http://www.stevepavlina.com/blog/2009/01/stevepavlinacom-podcast-022-loving-relationships/
    Beijos
    Rosália

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  5. De Nardi, até concordo com suas posições, mas não conheço ainda um "formato pessoal" diferente e que me atenda.
    Para mim, é uma pergunta difícil de responder...

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  6. Rosália
    Baixei o podcast, bem interessante também.
    BJs

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  7. Celina
    Você vê como esse é um assunto tabu. Até para dizer que concorda você fica com pé atrás "De Nardi, até concordo com suas posições, mas..."
    Faz parte, mudanças importantes costumam ser dolorosas.
    Bjs

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