Variações sobre um tema do Amor
Não! Mais uma vez. Que demora.... Não agüento pessoas lerdas. São tão insuportáveis quanto os incompetentes, não, os incompetentes são piores. Tomara que a crise mate todos de fome.
Imagine trabalhar na América do Sul, onde só tem desses... Já trabalhei com latinos competentes, mas acho que quando nasce um bom por lá, ele vem direto para a verdadeira América. Where the things happen. Lá só ficam os incapacitados. Não é a toa que estão há tanto tempo na fossa e se chamam América Latrina.
Porque este m. não me entrega logo a p. do relatório? Se ele tivesse que se reportar ao John não duraria uma semana. Meu chefe é a pessoa mais arrogante e egoísta que eu conheço, mas sua habilidade de realização suplanta todos seus defeitos.
- Marie venha à minha sala.
- Sim.
- O caso da Master Card terá que ser resolvido hoje. Nem que tenhamos que dormir aqui.
- Mas hoje...
É por isso que você ainda é solteiro aos 50 anos. Ninguém suporta tanta obsessão.
Como eu vou explicar isto ao Brian? Acho que hoje ele não vai me perdoar, mas ele precisa entender que meu trabalho vem em primeiro lugar.
- Amor?
- De novo?
- Não, é que ... Como posso te explicar..
- Não precisa. Eu já sei. É sempre a mesma coisa. Nada é mais importante que essa escravidão que você vive.
- Você sabe o quanto eu lutei para estar aqui e quantas pessoas querem meu lugar.
- Talvez isto seja mais importante que sua felicidade e certamente é mais importante que eu.
- Brian ...
Ele não precisava ser assim.
Caso Master Card. Fraude em ATMs. Eu sempre suspeitei destes ATMs do Queens. Olha esses arquivos, são todos de lá. Aqueles indianos das delis devem ter aprendido a entrar no sistema das máquinas. Povo corrupto! Aproveitam a única habilidade que têm para passar os honestos para trás. Eu pego esses picaretas.
- Marie.
- Oi! A coisa está pegando fogo aqui. Estamos tentando descobrir como acontecem as fraudes dos ATMs.
- Que bom. Espero que encontrem, e que você encontre um outro alguém que suporte seu egoísmo e sua falta de palavra. Não me procure mais.
- Você que está sendo egoísta. Não pode me entender uma vez.
- Uma? Esta é a terceira só neste mês. Marie acho melhor não nos falarmos mais. Não vamos conseguir nos acertar, nossos valores são diferentes, é questão de essência, não adianta mais tentar.
- Brian você sabe que não é isto que eu quero, né? Tentarei melhorar.
- Não adianta. É melhor acabarmos agora do que insistir em algo que não vai mudar.
ATMs. Por que só Master? Por que não pegam dos Visa também. É por aí que encontraremos.
Hoje exagerei. São 5:20. O próximo metrô expresso só passa às 6h e as 10h já tenho que estar de volta ao escritório. A Colombus Circle me lembra o Brian. Ele ama este Starbucks que fica nesta parte da Broadway porque funciona 24h e podíamos vir a qualquer momento conversar e rir das nossas histórias. Mas ele tem razão, não vamos conseguir nos acertar mais. Será que ele já não tem outra e está inventando essa história para ter uma desculpa? Ele foi bem estranho ontem. Eu deveria ter pressionado mais.
Ainda bem que resolvemos a fraude. Será que o Brian saiu ontem? Eu nunca notei falta dele, e agora estou sentindo tanta. Mas nós mulheres somos assim, só sentimos falta quando não temos mais. Vai passar quando eu encontrar alguém que me entenda. Se eu pudesse voltar atrás... mandaria o John resolver aquele caso sozinho e passaria uma interminável noite de amor nos braços do meu amado.
Já faz seis meses que não nos falamos. Não me recordo de um dia sequer que fiquei sem pensar nele. De fato, não passo nem uma hora sem lembrar. Será que ele está com alguém? E se ele gostar mais dela do que de mim. Nem sei se existe este “ela”, mas deve existir, uma pessoa com tantas qualidade como o Brian não passa muito tempo solteiro. Dói... Não pode doer, sou independente, sempre fui. Será que ela transa melhor que eu? Não posso imaginar ele olhando nos olhos dela e dizendo o que falava para mim. Aquelas palavras são minhas. Ele é meu e não poderá ser de mais ninguém. Como ele a chama? Fofucha sou eu, só eu. Não, fofucha não Brian, por favor.
A lanchonete Brooklin faz os melhores cheesecakes do mundo. Tenho recordações de momentos perfeitos passados neste lugar. Brian e eu saíamos dos concertos do Carnegie Hall e vínhamos caminhando até aqui. Eu sempre pedia o American cheesecake e ele a torta de chocolate. O primeiro pedaço eu sempre dava para ele e dizia que ele iria roubar o meu namorado. Brian respondia dizendo que prefere mulheres. Eu quero dar de novo minha sobremesa na sua boca. Talvez se eu olhar um pouco mais lá para dentro consiga chegar mais perto do que vivemos ali.
É o Brian, não pode ser. Quem é essa horrorosa do lado dele? Não posso com isto. Na nossa lanchonete? Por que ele está fazendo isto comigo? Por que não atende mais meu telefone? Por isso não responde mais meus e-mails. Tenho certeza que esta mulherzinha vulgar está se aproveitando dele. Ele não merece nem minhas lágrimas. Não vou chorar por este traidor.
O amor não pode ser real. Ele não existe. Deve ser uma loucura momentânea que passamos. Se fosse real, ele seria mais intenso quando estamos perto de quem amamos e não quando perdemos. E o que dizer do Amor platônico? Que é real apenas na cabeça do amante. Acho que o amor é uma mentira que a sociedade nos conta. Talvez seja um truque para que nos aproximemos de alguém e tenhamos filhos, pois aumentando a densidade demográfica o Estado fica mais forte e as empresas tem mais consumidores. Os escritores também se aproveitam dessa balela para prender a atenção do leitor e vender mais livros. Eles sabem que todos torcem para que o amor vença no final.
Acho que tudo o que eu fiz na minha vida - ter sido sempre racional, trabalhar com fraudes, ter tido esta desilusão amorosa – tenha me preparado para desvendar a maior de todas as fraudes, a do amor. Ele é uma grande mentira que vem sendo contada a todas as pessoas há pelo menos 900 anos e eu provarei isto.
Continua semana que vem...
Imagine trabalhar na América do Sul, onde só tem desses... Já trabalhei com latinos competentes, mas acho que quando nasce um bom por lá, ele vem direto para a verdadeira América. Where the things happen. Lá só ficam os incapacitados. Não é a toa que estão há tanto tempo na fossa e se chamam América Latrina.
Porque este m. não me entrega logo a p. do relatório? Se ele tivesse que se reportar ao John não duraria uma semana. Meu chefe é a pessoa mais arrogante e egoísta que eu conheço, mas sua habilidade de realização suplanta todos seus defeitos.
- Marie venha à minha sala.
- Sim.
- O caso da Master Card terá que ser resolvido hoje. Nem que tenhamos que dormir aqui.
- Mas hoje...
É por isso que você ainda é solteiro aos 50 anos. Ninguém suporta tanta obsessão.
Como eu vou explicar isto ao Brian? Acho que hoje ele não vai me perdoar, mas ele precisa entender que meu trabalho vem em primeiro lugar.
- Amor?
- De novo?
- Não, é que ... Como posso te explicar..
- Não precisa. Eu já sei. É sempre a mesma coisa. Nada é mais importante que essa escravidão que você vive.
- Você sabe o quanto eu lutei para estar aqui e quantas pessoas querem meu lugar.
- Talvez isto seja mais importante que sua felicidade e certamente é mais importante que eu.
- Brian ...
Ele não precisava ser assim.
Caso Master Card. Fraude em ATMs. Eu sempre suspeitei destes ATMs do Queens. Olha esses arquivos, são todos de lá. Aqueles indianos das delis devem ter aprendido a entrar no sistema das máquinas. Povo corrupto! Aproveitam a única habilidade que têm para passar os honestos para trás. Eu pego esses picaretas.
- Marie.
- Oi! A coisa está pegando fogo aqui. Estamos tentando descobrir como acontecem as fraudes dos ATMs.
- Que bom. Espero que encontrem, e que você encontre um outro alguém que suporte seu egoísmo e sua falta de palavra. Não me procure mais.
- Você que está sendo egoísta. Não pode me entender uma vez.
- Uma? Esta é a terceira só neste mês. Marie acho melhor não nos falarmos mais. Não vamos conseguir nos acertar, nossos valores são diferentes, é questão de essência, não adianta mais tentar.
- Brian você sabe que não é isto que eu quero, né? Tentarei melhorar.
- Não adianta. É melhor acabarmos agora do que insistir em algo que não vai mudar.
ATMs. Por que só Master? Por que não pegam dos Visa também. É por aí que encontraremos.
Hoje exagerei. São 5:20. O próximo metrô expresso só passa às 6h e as 10h já tenho que estar de volta ao escritório. A Colombus Circle me lembra o Brian. Ele ama este Starbucks que fica nesta parte da Broadway porque funciona 24h e podíamos vir a qualquer momento conversar e rir das nossas histórias. Mas ele tem razão, não vamos conseguir nos acertar mais. Será que ele já não tem outra e está inventando essa história para ter uma desculpa? Ele foi bem estranho ontem. Eu deveria ter pressionado mais.
Ainda bem que resolvemos a fraude. Será que o Brian saiu ontem? Eu nunca notei falta dele, e agora estou sentindo tanta. Mas nós mulheres somos assim, só sentimos falta quando não temos mais. Vai passar quando eu encontrar alguém que me entenda. Se eu pudesse voltar atrás... mandaria o John resolver aquele caso sozinho e passaria uma interminável noite de amor nos braços do meu amado.
Já faz seis meses que não nos falamos. Não me recordo de um dia sequer que fiquei sem pensar nele. De fato, não passo nem uma hora sem lembrar. Será que ele está com alguém? E se ele gostar mais dela do que de mim. Nem sei se existe este “ela”, mas deve existir, uma pessoa com tantas qualidade como o Brian não passa muito tempo solteiro. Dói... Não pode doer, sou independente, sempre fui. Será que ela transa melhor que eu? Não posso imaginar ele olhando nos olhos dela e dizendo o que falava para mim. Aquelas palavras são minhas. Ele é meu e não poderá ser de mais ninguém. Como ele a chama? Fofucha sou eu, só eu. Não, fofucha não Brian, por favor.
A lanchonete Brooklin faz os melhores cheesecakes do mundo. Tenho recordações de momentos perfeitos passados neste lugar. Brian e eu saíamos dos concertos do Carnegie Hall e vínhamos caminhando até aqui. Eu sempre pedia o American cheesecake e ele a torta de chocolate. O primeiro pedaço eu sempre dava para ele e dizia que ele iria roubar o meu namorado. Brian respondia dizendo que prefere mulheres. Eu quero dar de novo minha sobremesa na sua boca. Talvez se eu olhar um pouco mais lá para dentro consiga chegar mais perto do que vivemos ali.
É o Brian, não pode ser. Quem é essa horrorosa do lado dele? Não posso com isto. Na nossa lanchonete? Por que ele está fazendo isto comigo? Por que não atende mais meu telefone? Por isso não responde mais meus e-mails. Tenho certeza que esta mulherzinha vulgar está se aproveitando dele. Ele não merece nem minhas lágrimas. Não vou chorar por este traidor.
O amor não pode ser real. Ele não existe. Deve ser uma loucura momentânea que passamos. Se fosse real, ele seria mais intenso quando estamos perto de quem amamos e não quando perdemos. E o que dizer do Amor platônico? Que é real apenas na cabeça do amante. Acho que o amor é uma mentira que a sociedade nos conta. Talvez seja um truque para que nos aproximemos de alguém e tenhamos filhos, pois aumentando a densidade demográfica o Estado fica mais forte e as empresas tem mais consumidores. Os escritores também se aproveitam dessa balela para prender a atenção do leitor e vender mais livros. Eles sabem que todos torcem para que o amor vença no final.
Acho que tudo o que eu fiz na minha vida - ter sido sempre racional, trabalhar com fraudes, ter tido esta desilusão amorosa – tenha me preparado para desvendar a maior de todas as fraudes, a do amor. Ele é uma grande mentira que vem sendo contada a todas as pessoas há pelo menos 900 anos e eu provarei isto.
Continua semana que vem...
Que demais!
ResponderExcluirAdorei...adorei...
Beijos
Você conseguiu escrever!!
ResponderExcluirFicou ótimo, parabéns!
Vivi
ResponderExcluirCalma ainda não consegui. Só acaba quando termina hahhaah
Lezinha
ResponderExcluirObrigado pelo elogio.
Bjs
Adorei!
ResponderExcluirMas quero saber mais, fiquei curiosa. Conta mais, conta.
Parabéns Dani!
bjo grande,
Adorei!
ResponderExcluirMas quero saber mais, fiquei curiosa. Conta mais, conta.
Parabéns Dani!
bjo grande,
Welcome to Disneyland: Obesa America
ResponderExcluirCome Sorvete e tenta ao menos uma vez trepar com a música de Ibrahim Ferrer!
Obesa e caucasiana america
A miscigenação á a comunhão mais bela!
Ou a escolha do óculos escuros e a cegueira do gueto compartimentado existindo estanque.
Emitam e respirem a poluição dos seus vicios: o mundo é maior que a sua guerra.
E a economia maior é a do homem do campo que na sombra da árvore diz ao capitalista:
Você trabalha e se submete a todos os regimes para tirar férias e ficar como eu embaixo desta árvore, olhando o tempo. E eu vejo você e me finjo no seu mundo por muito menos tempo. quem se submete a quem?
PanAmerica do Agripino