Carlos Alberto Montaner e a globalização

Este Cubano nascido em Havana e defensor da economia de mercado nos brindou com uma breve história da globalização e sua importância na evolução da espécie humana.

Ao contrário do que muitos pensam, a globalização não começou no final do século XX com o advento da internet ou com a sofisticação dos meios de comunicação. Para Montaner, esse fenômeno teve inicio com a civilização mesopotâmica há 5000 anos e desde então ampliou sua base de atuação. Daí eu faço minha correção. Existiu na Índia, antes mesmo dos construtores dos jardins suspensos da Babilônia, um povo chamado Drávida, que apesar das inúmeras contribuições à humanidade é esquecido nos estudos da História Geral do Ocidente. A civilização que habitou o Vale do Indo foi a pioneira no desenvolvimento de um intenso comércio entre seus habitantes e também com os povos de regiões distantes. Construíram portos como o de Lôthal por onde naus de diferentes partes chegavam para comercializar com os antigos indianos. Possuíam selos para marcar os produtos e até mesmo moeda corrente. Os Drávidas edificaram uma próspera cultura homogênea que se estendia por mais de 1,5 milhão de quilômetros quadrados, mais que os antigos Egito e Mesopotâmia juntos. Seus conhecimentos são a base das principais filosofias da Índia.

O livre comércio que exerciam pode ser um dos motivos pelos quais eles não se preocuparam em formar um exército forte e com isto foram facilmente derrotados pelos arianos que invadiram suas terras por volta de 1500 a.C. destruindo toda essa civilização. Afinal, quandomais liberdade econômica, gera-se mais riqueza para todos os envolvidos nas negociações e conseqüentementemenos guerras. Diz-se que um dos motivos que Hitler usava para convencer seu povo a entrar na II Guerra Mundial era a dificuldade que os alemães tinham ao tentar negociar seus produtos.

Povos mais ingênuos vêem a riqueza como algo material que se deve brigar para ficar com uma parte, mas na verdade ela é ilimitada e se constrói a partir de interações e trocas. A prova disso é que o PIB mundial, nos últimos 40 anos, se multiplicou 24 vezes.

Os drávidas, diferentemente da maioria dos povos antigos, não faziam sua população trabalhar em prol dos governantes. A administração pública nas cidades da Índia antiga era feita em construções simples, por outro lado, seus habitantes possuíam casas espaçosas, a maioria de dois andares e com esgoto coberto que funcionava, até que as cidades foram encontradas no início do século XX. Estamos falando de construções de pelo menos 7000 anos. Seriam os drávidas o primeiro povo liberal e por isso mesmo sua cultura e economia se desenvolveram tanto?

Especulações à parte o fato é que sempre que houve melhoria na execução de alguma tarefa humana, seja a formação de exércitos, a coleta de alimentos ou a caça de animais, a interação entre as tribos permitia que aqueles que não dominavam determinada técnica pudessem copiá-la e posteriormente inovar em cima da idéia inicial. Com o compartilhamento de conhecimento, o ser humano acumulou cada vez mais know-how e se desenvolveu. Por tanto, o processo de globalização se reforça em nossa Era para contribuir e não para prejudicar os homens. Aqueles que permanecerem fechados em casulos de subsistência, seja para proteger seus mercados locais ou pensando que se bastam, verão essa onda de progresso passar e quem sabe, mais tarde, tentarão alcançá-la através de uma guerra. Como sempre aconteceu, as interações gerarão cada vez mais riqueza e sabedoria e propiciarão desenvolvimento aos países que estiverem mais abertos a mudanças.

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