A
meditação nos ensina que para expandirmos a
consciência devemos
manter nossa atenção focada, o
maior tempo possível, num
único ponto, seja
ele uma
imagem ou um som.
Nossa mente,
dispersa por natureza, e
por isso mesmo ávida por novidades, fará de
tudo para fugir desta
estabilidade que para ela não parece
nada agradável. O meditante deve
estar muito convicto do
que quer,
para que quando as
dispersões tentarem tirá-lo do
foco inicial possa percebê-las rapidamente e
retornar a
fazer o
que se propôs no
início do
exercício.
Lembranças, falsas
prioridades,
preocupações e
compromissos aparentemente inadiáveis, invadirão
sua consciência com o
objetivo de desviá-lo da
busca de
um bem-estar maior. Estando o
tempo todo atento a
esses truques da
mente,
ele não embarcará nas
distrações e permanecerá
mais tempo fazendo
somente o
que se determinou. O
início de uma
meditação é
como um jogo de
pega-pega no
qual, a
mente dispersa e foge e
você quando percebe a traz de
volta sem se
deixar envolver com os
pensamentos alheios. Vencida a
primeira etapa, embarcamos numa
experiência gratificante e enriquecedora.
Pois essa fuga da profundidade também acontece no nosso dia-a-dia. Seja na leitura de um livro que nunca conseguimos terminar, enquanto eu escrevo e reescrevo este texto, ou num bate-papo que ao começar a ganhar profundidade alguém se atravessa e pergunta “O que vamos fazer hoje à noite?” Conta-se que quando Sartre e sua turma de filósofos existencialistas invadiam o Café D`Flore para conversar, eles dividiam-se em duplas para que conseguissem realizar conversas à deux mais significativas. Pois estas escapadas do foco principal acontecem muitas vezes quando estamos construindo um empreendimento que demande ações repetidas por um longo período de tempo. Não agrada à nossa mente ir muito fundo nas questões, ela prefere a superficialidade por onde pode transitar com mais rapidez e manter atualizado o seu insaciável desejo de diversificação.
Quase sempre quando traçamos um plano, sabemos exatamente o que devemos fazer para chegar onde queremos. Não obstante, basta aparecer a primeira oportunidade... e escapamos do trilho, cedendo à tentação da dispersão. É o eterno dilema do regime que começa somente na segunda-feira e que se rompe imediatamente no convite para jantar fora. Questão muito bem explicada pelo ensinamento que diz que o bom hábito é bastante árduo de se adquirir, mas simples de deixar. Já o vício se caracteriza por ser fácil de começar e difícil de parar. Quanto mais conscientes estivermos destas fugas e mais gana tivermos para realizar nossos objetivos, mais rapidamente conseguiremos retornar a fazer o que nos propusemos e mais tempo conseguiremos manter a execução das ações imprescindíveis.
Por isso, o maior obstáculo para realizarmos o que desejamos não está no mercado, nem nas pessoas que fazem parte da nossa equipe ou ainda na estratégia que montamos. Mesmo que se tenha todos esses fatores funcionando perfeitamente, não chegaremos a lugar algum se não tivermos tenacidade na manutenção das ações. Não somente para realizar um objetivo importante, mas também para se alimentar bem, praticar esportes, estudar, enfim, para manter disciplina em qualquer ação, teremos que estar alertas o tempo todo para quando dispersarmos, retornarmos ao que sabemos que é importante o mais rapidamente possível. É o rito do eterno retorno com o qual entendesse que realizar é muito mais voltar a fazer o que se propôs do que inventar coisas novas.
Num segundo momento da meditação compreendemos que a consciência deve permanecer bastante tempo envolvida em algo que seja externo a nós para depois se libertar. Nosso ego, através dos pensamentos, tentará trazê-la de volta para a prisão da individualidade, restringindo-a. No entanto, ela não pertence ao ego, mas é parte do todo. E entendemos isto quando não permanecermos apenas com nossos pensamentos e percepções personalizadas. Tal como ocorre na meditação, é preciso que a consciência se prenda em algo fora de nós mesmos para depois termos uma percepção mais abrangente de realidade.
Assim como a consciência pode ser confundida com o ego, muito embora não o seja, e precisa se expandir para libertar-se, uma idéia que fique somente com você, será restrita e não produzirá riqueza interna ou externa. As idéias podem parecer nossas, e algumas pessoas se apegam a elas como se fossem apenas suas mesmo, não compartilhando-as com ninguém. No entanto, elas pertencem ao inconsciente coletivo e se você captou uma que gosta, deve concretizá-la. Somente quando fazemos “nossas” idéias permanecerem fora de nós e serem concretizadas em um produto ou projeto é que conseguimos expandir nossa atuação e tomar o mundo.
Dani
ResponderExcluirParabéns!! Conseguiste retratar muito bem em palavras esta eterna batalha que se passa cada dia dentro de nós: a busca pela evolução. Que bom que podemos aprender um com o outro e estar sempre em busca de ser alguém que contrubui para um mundo melhor.
um beijo grande,
Pati
Oi Dani!
ResponderExcluirMuito bom o texto! Como é importante a disciplina e a constância para conquistarmos o que queremos.
Beijos,
Rafaella
Muito boa essa idéia de continuar a leitura no seu site, vou encaminhar para alguns amigos. Mais pessoas merecem também!
ResponderExcluirBeijos
Mari de Castro
É Dani, aquele negócio de as pessoas não esgotarem os assuntos...continuo sofrendo com isso, sempre há o maldito portador dos vrittis.
ResponderExcluirAgora tenho blog, vou começar a escrever. manaskriyá.blogspot, passa lá depois.
Abraço!
Muito bom. Isso para mim é a verdadeira concentração meditação...
ResponderExcluirmuito bom texto. é importante lembrar que a individualidade é também prisão e tudo não passa do todo.....dispersão e outras dificuldades são importantes provas que o caminho nos oferece...estou tentando pensar assim e perseverar nas ações repetidamente....com a maior força poder e energia possíveis em cada momento....
ResponderExcluirum beijo
Carol Montone
Dan, seu artigo me chamou a atenção por 3 coisinhas:
ResponderExcluir-vc já leu Rubem Alves? Ele tem um livro lindíssimo que se chama "O retorno e terno".
-amei a referência a sarte e beauvoir, "a castor", pois o processo de dialética e conhecimento deles era incrível.
- a foto é intrigante. de onde veio?
... e o texto foi pro mural da Unidade.
beijos
Só não entendi muito bem a conexão do título com o texto, não seria melhor: a mania da dispersão.
ResponderExcluirAmei :)
ResponderExcluir