Não se esqueça do COMO

Quando colocamos em prática um plano que foi traçado para alcançar metas, sejam elas pessoais ou profissionais, nem sempre damos a devida atenção que a ação mereceria. Não uma ação frenética, sem propósito ou direção, mas uma ação certeira que conduzirá ao objetivo desejado. Esquecemos-nos de fazer e refazer perguntas que nos induzem a atuar precisamente.

COMO chegaremos ? COMO faremos? COMO melhoraremos?

O agir é o único verbo que conseguirá transformar desejos em realidade. Se o negligenciarmos, todos os planos que fizermos durante a vida não se realizarão. Dificilmente, nós reconhecemos que não atingimos aquilo que almejávamos por não termos cumprido com o que nos determinamos a fazer. Preferimos encontrar alguma desculpa esfarrapada, que não seja a falta de ação, para os nossos fracassos.

A ação é a etapa mais importante de um planejamento e nãooutra forma de fazer as coisas acontecerem se não for por ela. É por isso que todo plano deve ser montado, visando prioritariamente a execução. Para que se consiga êxito nesta etapa fundamental, é imprescindível que as pessoas envolvidas nela estejam aptas a realizar as ações. O mesmo vale se o plano for individual. A capacidade de execução da equipe, ou do indivíduo envolvido, deve ser maior que o desafio que será enfrentado. Caso contrário, os resultados não aparecerão e criar-se-á uma desconfiança tremenda na nossa capacidade de realização. A execução é o ato que aproximará aquilo que almejamos daquilo que temos. Aquilo que desejamos daquilo que somos.

Uma vez estive com um pequeno grupo de jovens empresários num bate-papo informal com Jorge Paulo Lemann, que no meu ponto de vista é o maior empreendedor do Brasil. Foi um prazer enorme estar frente-a-frente com uma lenda viva do mercado brasileiro, que apesar de somar cifras bilionárias e sempre ser citado na lista dos homens mais ricos do mundo, poucas pessoas o reconhecem na rua. Lemann é legendário também por sempre ter formado equipes imbatíveis que deram origem a líderes em todos os setores da economia brasileira. Durante duas horas ele pacientemente respondeu nossas perguntas e a cada resposta, o fundador do Banco Garantia, enfatizava o valor da execução para se conquistar sucesso. Em determinado momento, Lemann leu para nós as premissas que disciplinadamente seguiu na construção de seu império. Quase todas reforçavam a importância da execução. No entanto, duas delas ficaram muito marcadas na minha memória:

1) Escolher gente melhor do que si mesmo, treiná-las, desafiá-las e mantê-las é a principal tarefa dos administradores.

2) As coisas acontecem na operação e no mercado. É preciso gastar sola de sapato.

Pode parecer chover no molhado falar da importância da execução para se alcançar metas. Mas a maior parte das empresas não alcança seus objetivos por falhar justamente nesta etapa tão primordial. Os estrategistas, do alto do seu pedestal de arrogância, criam planos sem levar em conta o pessoal do front, que é quem realmente está vendo o que falta e o que pode ser aprimorado. Esse afastamento do que é planejado para o que é possível, acaba minando a confiança de qualquer equipe, que desmotivada passa a não acreditar mais que as metas empurradas goela a baixo sejam possíveis de serem alcançadas.

Escolher gente melhor do que si mesmo, treiná-las, desafiá-las e mantê-las é a principal tarefa dos administradores.

Líderes distantes deixam que seu RH contrate pessoas e depois à base de muita cobrança o plano irreal será buscado. Você tem alguma dúvida que ele fracassará? Mas mesmo que seja alcançado, o desgaste da equipe será tão grande que ela jamais conseguirá sustentar tais resultados por muito tempo.

Para fazer as coisas acontecer, antes de qualquer coisa, temos que ter as pessoas certas dentro do barco. Um verdadeiro líder ocupa boa parte de seu tempo na seleção e acompanhamento de seu time. Se você for executar o plano sozinho é importante que suas habilidades também estejam pelo menos no mesmo nível da sua necessidade de execução. Quando as coisas não estiverem indo conforme você planejou, aplique um profundo auto-estudo para detectar o queem sua atitude que não permite o alcance dos objetivos. Caberá a cada um ser sincero consigo mesmo para responder: Será falta de ação? Qualidade de execução? Ou será preciso uma pequena mudança no direcionamento?

Somente participando ativamente das ações o líder conseguirá responder precisamente estas questões pela sua equipe. Estando na operação ele acompanha o tempo todo a qualidade da execução do seu time. Passará, por tanto, feed-backs precisos realçando o que seus parceiros podem fazer para aumentar os resultados. Apenas um gestor que esteja no front pode avaliar precisamente COMO fazer melhor.

As coisas acontecem na operação e no mercado. É preciso gastar sola de sapato.

A estratégia que funciona é aquela que é voltada para a execução. Como a frase de Lemann demonstra, blá blá blá não funciona, as coisas acontecem no mercado. As partes mais subjetivas servirão apenas como um demonstrativo de onde desejamos chegar. Aqueles que planejam não podem simplesmente achar que as coisas vão melhorar e os lucros aumentar. É preciso verificar se há um número de pessoas suficiente e se essas pessoas possuem as habilidades necessárias para fazer a coisa acontecer. O orçamento, por exemplo, não deve ser um valor engessado que deseja que os custos abaixem a cada ano. É preciso que ele também esteja alinhado com a execução. Caso isto não seja obedecido você poderá chegar com uma brilhante idéia para o CEO ele vai olhar, aprovar e dizer: “Isto certamente traria resultado, mas estamos sem verba para executar.”

Para concluir, conclamando você a agir, deixo outra premissa de Lemann:

Sorte é sempre resultado de suor. Tem de trabalhar muito, mas com alegria.

Comentários

  1. Obrigado por mais este texto esclarecedor e muito bem articulado.

    Há uns 2 dias atrás estava comentando sobre o fenômeno que é Jorge Paulo Lemann. Ainda não tive a oportunidade de assistir uma palestra com ele, porém agora consigo captar melhor a essência de suas idéias.

    Obrigado,

    Abraços,

    Norbert´s

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  2. Talvez por ser portuguesa, não conhecia este senhor...ele tem algum livro escrito?

    Interessante como o elementar funciona sempre...sem acção nada é concretizável...mas há muita gente que não passa do patamar dos planos.

    Também é importante não congelar os paradigmas da acção, para que ela esteja sempre a ir de encontro ao que o plano almeja. Daí a necessidade do auto-estudo que ele refere.

    Impressionante como o Yôga, enquanto filosofia, se enquadra em todos os sectores da nossa vida.

    Beijosssss Dani

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