Construindo a Liberdade

Era certamente um dos dias mais felizes de sua vida, e dentro dele, Nelson vivia os momentos mais contentes daquelas 24 horas que sucediam o anúncio de sua vitória na candidatura a uma das disputadas cadeiras da câmara de vereadores de sua cidade. Aquela conquista foi alcançada mediante a um esforço descomunal que ele fizera diariamente durante pelo menos dois anos.
O mais jovem vereador eleito sempre teve uma visão da política um pouco diferente da que tinham seus conterrâneos. Embora ele não fosse criado em uma família de políticos, desde muito cedo, travou contato com pessoas da área. O pai de seu melhor amigo, Sr. Khalil, sempre exerceu cargos públicos, por saber que na política, poderia contribuir com muita gente e se realizar pessoalmente. Khalil não admitia deixar a administração pública nas mãos de pessoas que exerciam aqueles postos para financiar suas mordomias ou para fortalecer seus Partidos, visando à perpetuação no poder. Pensava que se alguém se elege candidato, não pode pensar em se beneficiar com isto enquanto estiver no mandato, está ali para trabalhar para seu país. Poderá posteriormente ganhar com a projeção que o meio público proporciona, mas enquanto está no cargo, exerce uma função puramente altruísta.
Nelson acompanhara de perto a ascensão política da família de amigos e percebera que este fato, jamais modificou a maneira deles tratarem as pessoas ou mesmo, seu patrimônio e hábitos de consumo. Por isto, Nelson não conseguia concordar quando as pessoas diziam que todos os políticos eram corruptos e que defendiam interesses particulares.
O experiente político seguidamente sentava-se com Nelson e seu filho para contar-lhes das tantas negociações ilícitas que aconteciam neste meio e das muitas que ele conseguira bloquear. Mostrava para os rapazes a ironia que existia no fato de que aqueles que mais se diziam trabalhar para o povo eram os que mais proveito tiravam do dinheiro da população. Falava também dos poucos, mas existentes, políticos incorruptíveis, que sabiam o que deveria ser feito para melhorar o país, mas que na maior parte das vezes não conseguiam vencer a maioria que ocupava aqueles cargos visando apenas seus próprios interesses. Ele comparava isto uma pessoa que tem de um lado uma consciência expandida que diz o melhor que ela tem a fazer, mas no final acaba agindo em função de condicionamentos egoístas e imediatistas que apenas satisfazem o ego por um curto período de tempo, trazendo conseqüências destrutivas no médio e longo prazo.
Nelson sempre ouviu atentamente as sábias palavras de Khalil, e considerava-o seu guru, por ele ter uma ética impecável, que chegava a incomodar os que não queriam levar a coisa tão a sério, e por ter ocupado todos os cargos que um político pode alcançar no seu país, menos a presidência, a qual concorreu, mas perdeu no segundo turno por uma pequena diferença. Os dois se deliciavam em observar que cada vez mais, o poder estava sendo transferido para um número maior de pessoas, dissipando-se e saindo das mãos de poucos. Essa tendência mundial, que começara com as Revoluções Francesa e Americana, ganhava cada vez mais força no mundo ocidental. Estudavam isto não apenas na administração pública, com a queda das monarquias e ditaduras, mas também com a informação, cada vez mais compartilhada pela internet. Adoravam uma passagem de Peter Drucker em seu livro Administração, Tarefas, Responsabilidades e Práticas na qual ele diz: “Nos Estados Unidos da década de 1990, nenhum homem de negócios se compara em poder ou visão aos magnatas de 1900, tais como J.P. Morgan, John D. Rockefeller ou Henry Ford (um pouco mais tarde). Muito pouca gente hoje em dia sabe sequer o nome dos presidentes e principais diretores das maiores empresas norte-americanas; no entanto, os nomes daqueles antigos magnatas eram conhecido de todos. Nem mesmo as maiores empresas de hoje em dia podem comparar-se em poder político e nem mesmo em poder econômico com aqueles magnatas, que podiam colocar o próprio governo americano em xeque.”
Dentro das empresas, esse compartilhamento de poder também vinha acontecendo, e Jack Welch se tornou o executivo do século principalmente por criar um programa que ele chamou Workout, no qual as pessoas se retiravam da empresa para um campus longe da G.E. e durante um final de semana todos os funcionários da empresa podiam dar sugestões sobre os processos existentes. Ele simplesmente compartilhou poder com seus colaboradores e tornou sua companhia imbatível.
Nelson e Khalil desejavam fazer isto com a administração pública, deixar que as pessoas interferissem mais nela. Para isto, sabiam que deveriam lutar a todo custo para a transparência nas decisões e nas contas públicas. Não podiam conceber um Estado que quisesse fazer tudo pelas pessoas, ganhando um poder tão grande, que facilmente o transformaria num país ditador. Para eles, o papel do Estado era apenas gerar um ambiente favorável para que as pessoas se desenvolvessem e pudessem ser mais felizes com a conquista dos seus sonhos. Acreditavam que o Estado deveria ser forte, para poder controlar qualquer tipo de abuso dos mais poderosos perante os mais fracos, mas deveria ser mínimo, deixando que as pessoas com suas vontades próprias regulassem o sistema. Eles desejavam fazer da política uma maneira de dar mais liberdade ao povo e sabiam que isto seria possível se o Estado ocupasse menos espaço na sociedade e as próprias pessoas ganhassem poder para fazer o que fosse preciso.
Nelson e Khalil eram convictos que somente com uma ótima educação conseguiriam tornar os indivíduos menos dependentes e investiam grande parte dos seus esforços nisto. Acreditavam que a pessoa que não tem condições de pagar uma escola, também deve ter o direito de escolher onde deseja estudar. Foi pensando nisto que Khalil montou um projeto de lei que criaria um vaucher, com qual o contribuinte, que não tivesse condições, escolheria uma escola e apresentá-lo-ia, tendo seus estudos pagos pelo governo, mesmo que fosse um colégio particular. Isto não apenas fortaleceria as instituições com melhor ensino como também daria condições de todas as crianças estudarem em ótimas escolas. Eles sabiam que se a pessoa tem uma formação educacional consistente terá total condição de realizar seus objetivos na vida, tornando-se menos dependente de fatores externos e conseqüentemente mais livre.
Nelson era um rapaz popular desde o tempo do colégio, em que se destacava no comando de diversos grupos. Embora o senso comum diga que a liderança é sempre favorável ao indivíduo, não podemos concordar plenamente com isso. Caso o processo de liderar não seja bem conduzido, a pessoa será levada a um aumento desmedido do seu ego e uma conseqüente paralisação no seu processo de desenvolvimento pessoal. Perdendo por exemplo, a capacidade de ouvir com atenção sincera ou reduzindo sua humildade, e conseqüentemente sua habilidade em aprender.
Essa devassagem de aprendizado interno estava sendo fortemente percebida por ele agora. Pois, embora tivesse motivos de sobra para estar feliz e desfrutar da vitória com seus amigos e eleitores, a notícia que recebera alguns minutos atrás, fez com que seu aparente castelo de felicidade desabasse.
Nelson ficava muito abalado quando as pessoas não correspondiam às suas expectativas. Ele ainda não aprendera que por mais que tivesse muita aceitação popular, nem sempre os outros agiriam de acordo com o que esperava. Tentava, e nem sempre conseguia, manter seu estado emocional independente das situações externas. E por isso, sua alegria ficava muitas vezes vinculada à aceitação das pessoas que gostava, não vivia uma felicidade independente e plena, e este seu último relacionamento estava lhe ensinando muito bem isto.
Guilhermina perdera a admiração e o carinho por ele, pois no início do relacionamento, Nelson não se mostrou aberto para trocar com ela, suas melhores experiências. Isso viria a mudar de lado logo depois, quando ele começou a desejar muito tê-la mais perto, entretanto, o querer da companheira havia se esvaecido.
Isto era inaceitável para Nelson, pois ele sempre trabalhou para ser o melhor ser-humano que fosse possível, fazia de tudo para aprimorar seus defeitos e transformá-los em virtudes e esperava que ela o admirasse por ele ser quem era. Guilhermina se tornara indiferente a tudo isto. Ela criou, depois do início do relacionamento, uma certa barreira emocional, pela qual não deixaria passar seus sentimentos mais íntimos, principalmente por achar que mais cedo ou tarde, acabaria por decepcionar-se com ele. Isso havia acontecido no seu último relacionamento, e esse carinho especial que Nelson sentia pelas pessoas, não era muito bem visto por ela, que com receio, se fechava cada vez que o via agradando-as. Depois de três anos, mesmo contra a vontade de Nelson, eles foram se afastando. Ela deixara tantos indícios de que não queria mais estar com ele, que o casal não se falava mais há vinte dias.
Nelson a amava, pelo menos achava isso, e por tudo tentava fazê-la sentir o mesmo. O problema é que sua personalidade o confundia e ele jamais soube se era realmente amor o que sentia por Guilhermina ou se desejava apenas a aprovação da pessoa que aparentemente estava mais próxima dele e que não o valorizava. Não obstante, o que sentia por ela era realmente forte.
Agora, ele estava de olho no computador e arrumando-se para a festa de comemoração da candidatura. Guilhermina, que havia ligado para lhe dar um parabéns comedido quando recebera a notícia, aparece on-line em seu programa de diálogo. Como era de costume, ela nunca começava conversa alguma com ele pela internet, e Nelson, embora soubesse que essa não era a melhor atitude a ser tomada em termos de estratégia para uma conquista, não se continha em iniciar o diálogo. Ele havia passado esses últimos vinte dias esperando uma manifestação de sua amada, uma saudade que por mínima que fosse se transformasse em ação e depois em um encontro repleto de carinho e reciprocidade, mas aquilo não acontecera.
Quando ficava algum tempo longe do telefone, chegava ansioso para ligá-lo, com a esperança de ter Guilhermina na lista das chamadas perdidas. Mas, cada vez que o aparelho se iluminava e o nome de sua princesa não aparecia na tela do celular, uma pequena desilusão invadia seu coração. Pensava que o fato de estarem afastados, em determinado momento, faria com que ela valorizasse sua companhia e que escutaria sua voz invadir seus ouvidos com súplicas de amor que ela jamais deixara escapar pelos seus lábios. O que de fato acontecia era a repetição do comportamento de Guilhermina, não expressando nada que desse a entender que ela sentia algo um pouco maior por ele.
Depois de passado alguns instantes, e visto que ela não demonstrara interesse em teclar com ele, Nelson começa a conversa:
- Oi amiguinha!!!!
- oi
-como sempre, curta na resposta.
- Oi amiguinho, to brincando.
-como vão as coisas???
- bem, correria de sempre, e vc?
- tranqüilidade de sempre...
- tranqüilidade??? Hahaha
- Lindinha, eu tenho pensado muito em você e às vezes me preocupo.
- com o quê?
- é que quando nós começamos a ficar, e você não trabalhava no mercado financeiro, eu sentia que você era mais feliz. Eu acho q esse trabalho lhe impõe uma pressão tão forte que está acabando com seu emocional. Essa empresa não tem nenhuma preocupação com a sua felicidade, para eles você é como uma fruta da qual eles vão tirar todo o suco e depois jogar fora.
- pode ser, mas perdi algumas coisas para ganhar outras
- O q?
- Ganhei maturidade, por exemplo.
-Isso eu tenho que admitir que é verdade
- Mas não pretendo ficar para sempre...
-Isso todos falam. Seu chefe deveria pensar o mesmo e hj ele tem mais de 40 anos e está ainda no banco. Como está a saúde ou a felicidade dele?
- Bem mais ou menos...
-Por isso me preocupo com você
Nesse momento o irmão de Nelson, que mora nos Estados Unidos, liga para lhe parabenizar. A alegria dos dois é muito grande. Nelson vive um momento mágico, comemorava junto com seu irmão a tão desejada vitória na eleição, e ainda começava a restabelecer o contato com a pessoa que mais queria que estivesse ao seu lado para celebrar aquele momento. Com o celular na mão e de frente para o computador, ele começa um diálogo com Guilhermina que ficará retornando a sua memória várias vezes durante os próximos dias.
- E vc tá namorando?
- pq?
- quero saber...
- to
Nelson desaba, mal consegue falar ao seu irmão o que ocorrera. Jorge não acredita que ele ainda esteja tentando algo com alguém que tantas vezes tentou demonstrar que não queria mais nada. Jorge tenta falar com Nelson, mas ele não tem condições de estabelecer diálogo algum. Desliga o telefone e cai em prantos...
Seu peito dói, uma sensação de aperto que começa na barriga sobe até sua garganta e transborda em lágrimas, num choro incontido. Ele nem tenta ou quer reprimir aquela sensação, a tristeza toma conta de sua mente, mas no fundo, como a voz de um sábio ancião, surge sua consciência dizendo-o que aquilo foi o melhor que poderia ter acontecido, não para ele, mas também para ela.
Nelson se restabelece com a mensagem positiva que brotou do seu interior, respira, levanta a cabeça e se sente melhor. Uma leve sensação de paz toma conta do seu estado de espírito, ele as coisas com clareza e convence-se que o que está ocorrendo poderá ser duro agora, mas lhe trará muitos frutos no médio prazo.
Ele abre a geladeira para pegar um copo de água e... assim que olha a pequena foto dela sorrindo em sua caixa de diálogo, mais uma vez, sobe o desespero e ele recai. Não consegue aceitar o fato que nos últimos sete meses ele fizera de tudo para que Guilhermina se sentisse sua namorada, mas isso não aconteceu. Nelson sabia de suas qualidades, da apurada capacidade que tinha de compreender as outras pessoas, e de se preocupar realmente em ajudá-las a buscarem sua felicidade, sabia de sua habilidade descomunal em associar conceitos intelectuais diversos e dar-lhes um sentido pragmático buscando a satisfação dos outros. Tinha muito bem gravado em sua memória o quanto havia se dedicado a ela. Lembrava dos poemas que Guilhermina desprezara, de toda a atenção que dera, do carinho incomensurável que havia lhe doado, dos presentes e acima de tudo do amor que a entregara sem se importar com a não correspondência. No entanto, tudo isso não convencera Guilhermina de querer-lhe.
Neste momento, mensagens emocionais invadiam sua percepção fazendo-o se sentir alguém imprestável, ou na melhor das hipóteses, muito pior que o rapaz que em duas semanas havia conseguido algo que Nelson tentara por tanto tempo. Volta a surgir uma voz bia lhe dizendo que seu caminho agora estava pronto para que ele conquistasse tudo o que desejava. Que seu coração está livre e aberto para ser preenchido de um amor verdadeiro e que as melhores sensações seriam muito em breve desfrutadas. Ele se felicita por isso, mas nem lembrava mais que era um dia tão importante na sua vida.
Na semana seguinte viveu um constante conflito entre sua personalidade e sua consciência. Convivera com momentos de muita desilusão pensando que todas as viagens que ele havia proposto para Guilhermina e ela recusara, agora seriam feitas com outra pessoa. Que as ligações que ela não fazia para ele, ela as faria espontaneamente, sem pressão, como manifestação pura da vontade que temos quando gostamos de alguém. O cenário piorou quando ele descobriu que o rapaz que acabara com a esperança de eles se amarem era seu amigo, a única pessoa que os dois conheciam dentro da empresa que ela trabalhava. Nelson tinha vontade de ligar dizendo que ela foi a pessoa mais insignificante que passou em sua vida e que nos três anos que ficaram próximos, Guilhermina não havia feito contribuição alguma a sua vida. Mas isto não era verdade, embora o lado egoísta de sua personalidade tentasse mostras que sim. Ligar para ele e dizer que jamais esperara uma atitude dessas de alguém que considerava amigo. Mas aquilo não resolveria coisa alguma, e tal atitude era totalmente desnecessária.
Paralelamente, sua inteligência interna tentava levá-lo para cima, tirá-lo daquele envolvimento emocional, que quando entramos não conseguimos ser lúcidos em nossas decisões. Do alto, sem a deletéria interferência de seu ego, Nelson conseguia observar, que não havia certo ou errado dentro daquela situação. Que o novo namorado de Guilhermina não era melhor ou pior que ele. Que não havia injustiça no fato dele ter se aproveitado do afastamento temporário de Nelson para cativá-la. E que se assim o fez, foi porque sentia algo por ela, e como a união dos dois aconteceu, era para ser. Na verdade, o que estava acontecendo era o melhor que poderia ter ocorrido para os três. Aprendera que qualquer sentimento de ódio por eles era totalmente descabido e não o faria uma pessoa melhor, mas somente intoxicaria seu emocional. O melhor que poderia fazer agora era aprender com os erros que cometera e corrigi-los para se tornar um ser humano mais completo e feliz.
Vendo a situação sem um julgamento parcial, vindo de si mesmo, ele via que as coisas simplesmente são, que nãocerto ou errado, o que existe são vibrações que se atraem por estarem em cumprimentos de onda parecidos. Há tempos, Nelson e Guilhermina não viviam mais vibrações harmoniosas e era natural que em algum momento eles se afastassem.
A tristeza voltava e junto com ela uma sensação que não apenas Guilhermina lhe abandonara se não, todas as pessoas que ele queria estar ao lado naquele momento. Sua consciência tirava-o daquela linha de pensamento mostrando-o que Nelson deveria aprender a voltar-se mais para si e não depender tanto da aceitação dos outros para se sentir feliz.
Seus amigos lhe chamavam para sair, distrair-se, pois diziam que somente assim ele conseguiria esquecê-la. Nelson tentava recusar os convites, sabendo que se fosse pelo caminho das dispersões, viveria situações que mais lhe lembrariam Guilhermina. Optava então em voltar-se mais para si e tentava aproximar-se ao máximo da consciência pura de seus atos. Ele tinha que encarar a verdade que não poderia depender da aprovação alheia para se sentir bem, a geração de boas sensações internas poderia depender dele mesmo.
Mas seu ego trazia novamente o diálogo.
- E vc ta namorando?
- pq?
- quero saber...
- to
Por trás dessas frases vinha a imagem dela sorrindo e mandando-o um ósculo. Ele desejava profundamente que aquilo não estivesse acontecendo apenas em sua imaginação, mas no mundo real. Desejava tocar seu rosto, sentir seu cheiro e se deliciar com a voz macia de Guilhermina que devagarzinho contava suas histórias. Lembrava dos muitos beijos que ela lhe deu e que no momento ele pensara em outras coisas enquanto fazia, deixando de dar a atenção que mereciam. Para agravar, logo em seguida, ele pensava que naquele exato instante, ela poderia estar com seu amigo, trocando carícias e sorrisos, fazendo as coisas que ele gostava de fazer com ela, e que nada poderia ser feito a respeito disto.
A consciência de Nelson aparece, relevando o valor do tempo, e tentando transmitir-lhe a valiosa mensagem de que se for realmente para eles ficarem juntos, Guilhermina irá ver nas carências do novo namorado, todas as qualidades de Nelson, que por estarem tão perto dela, eram desprezadas por sua percepção. Nelson usava as situações adversas para crescer internamente e não para traumatizar-se, aprendendo com os erros feitos no passado, e deixando que o tempo tratasse de apagar todos os resquícios desgostosos. Construirá com essa experiência, uma sólida base para uma felicidade duradoura.
O tempo passa, Nelson aprende e se aprimora tornando-se mais forte e tolerante. Consegue ver a situação de longe e não julgá-la. Em certas ocasiões, aquele diálogo que quase se tornou traumático, retorna.
- E vc ta namorando?
- pq?
- quero saber...
- to
Mas agora, ele está menor, mais fraco e interfere muito menos em seu emocional.
Com o aprendizado desta experiência, o político consegue viver mais independência da aceitação dos outros. Nelson que sempre desejou levar às pessoas mais liberdade crescer em si este maravilhoso sentimento. Com o conhecimento adquirido, ele se sente menos dependente das situações externas para ser realmente feliz.
No final, essa maravilhosa experiência pessoal foi levada para sua vida pública. Nelson lembra-se sempre que na semana seguinte a conversa com Guilhermina, ele estava numa festa e uma moça muito bonita desejava ficar com ele. Seus amigos o motivaram bastante, aquilo satisfaria sua carência, reforçaria seu ego e deixaria seus companheiros satisfeitos, no entanto, sua consciência dizia que não era o melhor a fazer. Sabia que deveria operar mais transformações no seu interior, que tinha mais o que aprender e ele faria o que fosse necessário para se aprimorar, mesmo que doesse um pouco mais no início.
Aprendera que de nada adianta satisfazer a vontade imediatista das pessoas e não encarar a realidade, negligenciando o que tem que ser feito. Se quisermos mais liberdade, mudanças precisam ser realizadas, mesmo que isto tenha um custo emocional. Adotar atitudes que vão de encontro às vontades imediatas das pessoas poderá até aumentar sua popularidade, mas trarão degradantes conseqüências no longo prazo. Pois, se agirmos somente esperando a aceitação dos outros, jamais faremos o que realmente precisa ser feito para que todos saiam ganhando.

Comentários

  1. Parabéns, nada como relato pessoal, uma história ou uma metáfora para nos levar a identificação pessoal e à reflexão para nos ajudar a promover as mudanças internas que por fim, refletirão em nosso mundo exterior.

    Abçs,

    ResponderExcluir
  2. Rapaz, eu conheço essa Guilhermina? :) Lembra uma amiga nossa:)

    Abração, Leo.

    ResponderExcluir
  3. De qualquer forma o texto está muito bom. Lúcido.

    Parabéns. Sou mais você:)

    Abração de seu fan, Leo.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas