Para entender a mudança que vem acontecendo no sistema de organização de grupos e nas suas respectivas lideranças, analisemos dois estilos musicais, a Música Erudita e o Jazz, ambos de muita sofisticação e, por isso, necessidade de alto desempenho dos seus integrantes.
A primeira nasceu dentro da Igreja, no período medieval, com o objetivo de representar musicalmente as preces do catolicismo. Copiando sua mãe provedora, as orquestras se organizam até hoje dentro de um sistema de hierarquia rígida e bem definida. O maestro, não toca nenhum instrumento durante a apresentação e apenas comanda o andamento do seu grupo. Seguindo sua engessada formação o spalla, primeiro violinista, nunca se destacará menos que o segundo violinista ou mais que um solista. Todos devem a máxima obediência ao seu chefe de batuta na mão, se vestem iguais, tocam quase as mesmas notas e ainda têm a criatividade limitada pela partitura. A falta de adaptação da música erudita ao mundo moderno tem perturbado a vida das gravadoras que vêm as vendas desse gênero musical cair a cada ano.
O Jazz surge do movimento negro, quase sem hierarquia, pois seus criadores eram trabalhadores americanos descendentes de escravos africanos. Com isso, tem-se um tipo de formação musical mais livre e alegre. Embora haja um líder na banda, ele toca junto com seus colegas e faz questão que os outros se destaquem tanto quanto ele.
Já não vivemos na Era Industrial onde do alto de sua autoridade o patrão fica com um chicote na mão ameaçando seus subordinados a agirem conforme sua vontade. Não funciona mais, termos como motivador da ação o medo de um castigo. Aquilo que impulsiona um grupo, que necessita de alta performance, é a coesão de propósitos, todos envolvidos e desejando um objetivo comum. A liderança poderá até se alternar entre aqueles que melhor dominarem a tarefa que o grupo precisa executar naquele momento, é mais importante a conquista do resultado esperado do que quem estava à frente na façanha.
Um espetáculo de Jazz dá a oportunidade de todos criarem em cima de uma mesma linha melódica, com organização e muita descontração uma banda de Jazz representa perfeitamente as organizações do futuro. O líder, um dos músicos, está totalmente envolvido com o propósito do grupo, seu objetivo principal não é se destacar dos demais, mas fazer uma música que satisfaça tanto a platéia quanto seus colegas. A estúpida rigidez formal cai por terra e é contagiante ver no meio da apresentação o baterista se levantar e ir tomar água enquanto a banda continua o espetáculo sem perder harmonia, ou ver o solista sair de cena e dar lugar a outro músico, que se levanta e toca livremente, depois o pianista tira o terno e larga-o de qualquer maneira no chão, fantástico. Isto jamais acontece em uma orquestra sinfônica, ou em uma empresa formal.
Essa contagiante liberdade permitiu a adequação deste estilo musical com as novas tendências como a música eletrônica, e mantém seus fãs sedentos pelas próximas inovações. Cada vez mais, os grupos se destacarão em detrimento do individualismo, por isso, cabe ao líder mudar seu papel, preocupando-se apenas em despertar o máximo de talento e criatividade de cada membro, e fazendo com que o conjunto alcance uma notoriedade inigualável.
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