OS LIMITES DA SABEDORIA
Antes de iniciarmos essa reflexão vamos esclarecer alguns pontos. Há grandes diferenças entre o que o Ocidente e o outro lado do mundo entende por sabedoria. Do lado de cá, a sabedoria está normalmente atrelada à capacidade de associações, ao movimento mental e a algo estritamente especulativo. Desde o jardim de infância nos ensinam que devemos sempre pensar, refletir e que isso é realmente essencial. Entretanto, esta atitude que nos foi imposta pode tornar-se limitadora à percepção mais profunda do mundo. Se pensarmos em termos de inteligiencia emocional, a satisfação dos desejos também é limitante e muitas vezes têm um grande fundo de condicionamento. Cito o escritor brasileiro, DeRose "há duas formas de comprovarmos a inutilidade dos prazeres: a primeira é renunciando a eles; a segunda, gozando-os." A satisfação dos sentidos realmente traz uma realização, mas passageira e que termina assim que as sensações reduzem sua intensidade. Se nos detivermos nisto estaremos eternamente correndo atrás de algo que venha de fora para dentro e não chegaremos ao ponto de gerarmos a felicidade como um estado de consciência, algo que independa das situações externas. Esse tipo de sensação é um estado de inabalável bem-estar.
Para os orientais o único conhecimento que interessa é aquele que nos proporcione autoconhecimento. Para eles, o que importa de conhecimento é aquilo que nos conduza à felicidade permanente e à descoberta daquilo que realmente somos. A filosofia oriental é muitas vezes criticada no Ocidente por oferecer uma salvação para essas situações, mas que culpa tem ela de servir para alguma coisa enquanto o pensamento filosófico ocidental é em grande parte inútil.
Chegamos a um momento histórico no qual a especulação mental está chegando ao limite de desenvolvimento, não há mais espaço para descobertas nos planos mentais do autoconhecimento. Na verdade, isto já pôde ter se esgotado há muito tempo, quando Sócrates após ter pensado muito, mas muito mesmo sobre os mecanismos que regem nossas vidas concluiu "só sei que nada sei". Neste ponto ele mostrou que o pensamento só consegue chegar a um determinado ponto e que depois disso não há alternativa para evoluir que não seja perceber outros planos de consciência. O povo Indiano já sabia disso há muito tempo e desenvolveu técnicas, como as do Yôga Antigo para descobrir até onde poderiam ir os planos da consciência.
A intuição certamente será um dos pontos para o qual vamos evoluir. Ela está o tempo todo conosco, tentando de certa forma nos tornar mais lúcidos. Porém, essa maldita ferramenta chamada mente que fomos forçados a usar ininterruptamente não deixa que ela apareça e a obstrui. Veja o exemplo de duas pessoas, uma mais humilde e outra altamente intelectualizada que tiveram um click antes de subir na viagem de ônibus. O humilde, por não usar tanto o mental, sabe que por qualquer motivo não deve seguir viagem e realmente não o faz, já "o sábio intelectual" calcula que a probabilidade de ele morrer no ônibus é muito pequena, pois apenas duas pessoas em cada um milhão que passam pelas rodovias morrem e além do mais a empresa que ele esta viajando é muito segura e... lá se vão mais pensamentos bloqueando o flash de intuição ou de percepção mais aguçada que ele teve. Não obstante, o ônibus bate todos os passageiros morrem se salvando apenas o único que ouviu seu sentido interno e ficou na rodoviária.
Isso não deve ser interpretado como uma apologia a não se desenvolver o intelecto, mas sim de não elevá-lo ao patamar máximo do ser humano, pois a mente é falha e rude se comparada, por exemplo, ao plano da intuição. O que ocorre é que não conhecemos possibilidades de nos vermos por dentro, mais internamente do que a mente permite. No entanto, prezado leitor, existe sim essa alternativa e ela está ao alcance de todos através de uma meditação bem executada.
Estamos no momento de tentarmos ver a realidade sobre uma óptica menos superficial e penetrarmos na essência da existência assim como desejou Sartre e muitos filósofos ocidentais. A profundeza de tudo está por trás do mental, está além e acima dele. Deixemos de nos preocupar apenas com as análises, associações e especulações e tentemos durante alguns instantes simplesmente contemplar aquilo que nos rodeia , seja a arte, a pessoa que amamos ou uma grande obra arquitetônica. Faça a experiência, não pense. Assim entenderá o que Fernando Pessoa queria dizer quando falou "há bastante metafísica em não pensar em nada."
rapaz vc escreve bem, mas esse blog é chato pra cacete.
ResponderExcluirLegal Dani, este tema do cohecimento resulta me fascinante!
ResponderExcluirBeijinho desde Buenos Aires.
Gostei muito do texto e do blog, não conhecia.
ResponderExcluirParabéns!
Paula Milani - Lisboa, Portugal
Muito bom! Parabéns!
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